Vida "bugada"


Max andava pelas ruas sem rumo. Precisava encontrar um meio de fugir da realidade. Mas não conseguia, pois, ela estava estagnada em sua mente. E doía, como doía. A dor que sentia era como um soco na boca do estômago. Não, não doía como um soco. O que sentia era mais que uma simples dor muscular. O que sentia revirava seu estômago, sua mente e todo o seu ser.


Tudo estava perdido. Não, não estava perdido. Ele só precisava encontrar uma saída. Sentia que alguém o perseguia. Contudo, ao virar e olhar para trás, nada via. Será que seria mais uma de suas paranoias? Já estava cansado delas. Se não fosse por elas não estaria ali. Só que, agora, não importava mais o que o levara até aquela rua. 
Fugir não resolveria o problema, pensou Max. Olhando agora a seu redor, notou que não estava sozinho, Havia uma garotinha loira que o observava. Ela sorria como se tivesse tentando dizer-lhe algo. Sorria, como se ela já soubesse qual a saída para o problema de Max. Ele queria retribuir o sorriso. Entretanto, quando deu por si, já tinha dado meia volta e começado a correr.
Correu, correu, correu, até chegar ao local onde o pesadelo começara. Lá estava, a moto da Pizza Planet, empresa em que trabalhava, toda amassada. Sabia que perderia o emprego, por isso, fugiu. Como pagaria o conserto? Afinal, a culpa era toda sua. Entrara na contra mão, por mero descuido. Estava perdido em seus pensamentos e não percebera o sentido da rua em que se encontrava.  Ao tentar desviar de um carro, bateu em uma caixa de correio. Graças aos céus estava ileso. Mas ele não estava agradecido. Desejava estar morto. Quem se importaria com a morte de um mero entregador de pizzas? A ideia de morrer fugiu de sua mente assim que se lembrou de Elisa.
A bela Elisa. Como pagaria um jantar para ela agora? Deixou escapar um sorriso ao pensar no assunto. Nunca teve coragem de chamá-la para sair. E agora, como encontraria sua colega de trabalho? Ela era bonita demais para ele. E Max já se sentia um fracassado por si só. Não precisava de um fora da linda Elisa para piorar a situação. 
Levantou a moto. Tentou calcular o prejuízo, mas desistiu. Montou-a e pilotou até chegar à Pizza Planet. Ao chegar, encontrou o local lotado. Porém, não deixou a situação o abalar e foi direto para mesa de seu chefe contar o ocorrido. Fora demitido e agora estava sentando, na praça, em frente à pizzaria. Por ironia do destino, Elisa estava caminhando em sua direção, toda estonteante como sempre. Sempre chegava antes de começar seu turno. Como ela ficava mais linda, pensou Max, sem o uniforme de garçonete. 
- Você por aqui, Max! – disse ela.
- Sim, eu.
- Parece que estou atrapalhando esse seu momento.
- Por quê?
- Não sei. Você está totalmente perdido em seus pensamentos.
Será que ele a contaria que perdera o emprego? Não, o momento estava mágico demais.
- Sabia que – continuou ela – de todas as pessoas da Pizza Planet, você é a que mais me intriga?
- Sério? Eu? Por quê?
- Porque, não importa o dia, você sempre está sorrindo, como está agora. Este sorriso bobo.
- Bobo? Nossa!
- Não, bobo de bobo. Bobo como se...
- Como se?
- Estivesse apaixonado!
- NOSSA!
- Você está?
- Talvez...
- Hum. Quem é a moça por quem o Senhor Max se apaixonou?
Havia uma pontinha de esperança no coração de Elisa. Lá no fundo ela queria que Max dissesse seu nome. Oras, quem ela queria enganar? Sempre fora apaixonada por ele. Contudo, algo lhe dizia que ele falaria o nome de qualquer outra.
- Pela vida! – Disse ele sorrindo.
- Ha ha! Estou falando sério.
- Eu também, Elisa.
Então Max a fitara, com aquele olhar que Elisa sempre julgara significar algo a mais. Porém, agora, começara a achar que só era mais um olhar qualquer. Talvez, tudo não passava de uma paranoia. 

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