Das memórias que não cabem em uma caixa


Ela tinha 9 anos, andava pelas ruas com a alegria e imaginação de qualquer criança. Pensava em coisas boas e em como era feliz por estar na quarta série. Em um belo dia, sua avó foi a banco e a levou como companhia.
Ao passar pela porta giratória, a garotinha começou a observar toda a movimentação das pessoas que por ali passava. No entanto, para que o tédio não a pegasse, ela começou a andar de um lado para o outro... para lá e para cá, para lá e para cá, para lá e para cá… Até que um moço, antes de entrar na porta giratória, deixou o seu celular naquela caixinha, na qual as coisas de metais ficam, entretanto, ele não pegou o seu pertence de volta. O guarda, que também acompanhava todos os movimentos do moço com o olhar, devolveu o celular para ele.
A garota que observava com os olhinhos bem atentos, achou legal o que o guarda fez, mas sentiu uma leve vontade de ter um celular para deixar dentro da caixinha também, como se fosse o máximo depositar um celular naquilo.

Guardou a história para si e não contou para ninguém. Até porque havia mais coisas para se contar além do ocorrido no Banco. No entanto, dez anos depois, ela não acha mais fascinante observar a caixinha mágica de metais da porta giratória, mas, por mera ocasionalidade, retirou de sua memória essa história em mais um dia comum indo ao Banco.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Da série: falando com as paredes

"El meme es el mensaje": reflexões sobre o herói semanal das redes sociais