"El meme es el mensaje": reflexões sobre o herói semanal das redes sociais
Essa semana a Internet e o mundo corporativo — nem tanto — parou por conta de um assassinato. Se você é usuário de qualquer rede social, já deve ter visto vários memes com as fotos do suposto assassino — suposto porque se nem a justiça condenou ainda, quem sou para julgar trocadilho infame.
O que me incomoda nessa história toda não são os agentes da notícia ou a notícia em si. Na real, até cheguei a acreditar que a galera poderia fazer um paralelo entre a minissérie Irracional que saiu recentemente na Netflix porque — spoiler — também há morte de um bilionário por "justiceiros".
No entanto, no caso da obra — muito bom a liberdade de escrever "obra" sem lembrar dos seus professores dizendo que "obra" é o conjunto do trabalho do escritor — fictícia, as motivações eram sim políticas e radicais, o que não parece ser o caso do rapaz em questão, segundo este artigo da revista Jacobin.Branko Marcetic, autor do texto original, descreve Luigi Mangione como um típico eleitor estadunidense indeciso — logo, seria esse o primeiro caso mundial da revolta dos isentões?. O mágico de tudo é que você consegue, de acordo com a sua vontade e posição política, encaixar o suposto assassino de bilionários indefesos, pais de família em qualquer narrativa porque ele gostava de ler de tudo um pouco, conforme os seus rastros deixados na rede mundial de computadores.
Isso significa que você, meu caro leitor, que se diz de "esquerda" ou "progressista" que está compartilhando memes desse cidadão — de feiura mediana — porque achou que o corpo padrão do rapaz é suficiente para chamá-lo de herói, está sendo um OTÁRIO.
Eu já vi vários defensores da ação do cara porque "ele fez o que a esquerda quer, mas não faz" e desde quando a vontade da esquerda é ter um "lobo solitário"? Eu achava que a vontade da esquerda era justamente um "Trabalhadores do mundo, uni-vos" e não "Playboys revoltados com a falta de um sistema único de saúde, uni-vos".
“Ah, mas é só meme" — você deve estar pensando —
"é tudo piada inofensiva". Às vezes vocês esquecem que um otário
falando asneira em programa de baixa audiência foi o suficiente para torná-lo
um presidente eleito. E o investimento dos empresários em ação conjunta com os
militares, claro, mas talvez ele nem se tornasse um possível candidato se não
fosse sua popularidade.
Lembrando das sábias palavras daquele velho que só amava sua
faca[1]:
"la panacota es el mensaje". Que no caso seria "el meme es el
mensaje". E isso é tão real que tem gente fazendo vaquinha para ajudar herdeiro a sair da cadeia. Espero, do fundo do meu coração, que a vaquinha seja um golpe.
Por fim, galera, nós não estamos em Panem, isso não é a
Katniss Everdeen matando — spoiler novamente — a presidente Alma Coin. Na vida
real, matar um bilionário não vai mudar nada, surgirão outros no lugar como se
eles fossem a Hidra de Lerna.
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