O maravilhoso mundo das caixas
Cheguei e magicamente a porta
abriu. Ao entrar encontrei um mundo maravilhoso, no qual há várias caixas
espalhadas pelo enorme recinto. Cada caixa é toda enfeitada a sua maneira. Cada
uma tem um poder especial que me atrai de algum modo, me fazendo querer
pegá-la, acariciá-la, levá-la para casa. No entanto, essa caixa especial não é
livre. O único defeito dela é que para levá-la tenho que, de todo o coração, deixar
certa quantia de papel mágico.
Ao colocar as mãos no bolso, percebi que não tinha papel nenhum, então
resolvi sair do espaço da caixa. Mas ao chegar lá fora, entre um pequeno espaço
de uma caixa a outra, notei que todos em minha volta estavam com suas respectivas
caixas felizes e saltitantes. Repentinamente, me senti como se não pertencesse
ao lugar. Tentei falar com uma mulher que segurava duas caixas em cada mão,
entretanto ela me ignorou completamente. Não sei por que, mas me senti mal.
Pior ainda foi quando vi que a mesma mulher atendeu outra pessoa, mas essa
estava com uma caixa também.
Meu primeiro desejo foi sair
dali, porém as caixas começaram a sugar meus pensamentos com sua mágica toda. Se
eu parasse para admirar alguma, subitamente me vinha o desejo de levá-la
comigo. Então resolvi sair dali, não sei como, mas consegui forças para ir
contra a vontade de ter uma caixa.
Ao passar pela porta mágica que
abre sozinha, notei que todos estavam com caixas e me olhando feio porque eu não
tinha caixa nenhuma. Sem pestanejar, saí correndo. Entretanto, todos ao meu redor tinham
caixas em suas mãos. Decidi não reparar nas pessoas.
Quando cheguei em casa, resolvi
ligar a TV para esquecer um pouco do que tinha passado. Foi a pior decisão da
minha vida, parecia que todos os canais estavam em horário comercial e só
falavam das caixas e o quanto elas são maravilhosas. Quase enlouqueci, pareciam
que sabiam o meu nome, onde eu morava, mas tudo o que falavam era: compre! Compre!
Compre! Compre! Compre! Compre! Compre! Compre! Compre! Compre! Compre! Compre!
Compre! Compre! Compre! Compre! Compre! Compre! Compre!... PAREM!... Compre! Compre!
Compre!.. Eu consigo, eu não preciso dessas caixas!.. Compre! Compre! Compre!
Compre! Compre!... Chega!.. Compre! Compre! Compre... EU VOU ATRÁS DO PAPEL MÁGICO!...
Adquira já sua caixa e seja feliz.
Desliguei a TV e sai de casa. Fui
buscar o papel mágico. Na verdade, sai sem rumo já que não lembrava mais onde
conseguia. Não foi muito difícil encontrar já que tinha um depósito enorme
deles a três quadras de casa. Entrei no depósito e perguntei ao moço como
adquiria. Ele com um sorriso disse que mesmo se não fosse cadastrado no
deposito eu podia emprestar alguns papeis e devolver dali um tempo.
O moço simpático me ajudou no cadastro e eu
fiz o empréstimo no valor de uma caixa. Fiquei feliz já que finalmente
conseguiria minha caixa. Ao sair do depósito, reparei que logo na esquina tinha
um acampamento dessas pessoas que nunca pegaram em um papel mágico e nem
tinham condições de realizar o empréstimo. Por curiosidade ou dó, resolvi falar
com um deles.
Conversa vai, conversa vem, descobri que a
grande maioria perderam suas casas por falta de papel mágico, então eu lembrei
que tinha acabado de efetuar um empréstimo e saí dali.
Ao chegar ao local das caixas, reparei no
tamanho que era aquele lugar e comecei a pensar no tanto de famílias como
aquelas que poderiam morar ali naquele terreno se ali não fosse a casa das
caixas. Ao olhar para o lado vi que muitas pessoas saíam felizes da porta mágica
com suas caixas, então resolvi entrar. A diferença é que agora tudo parecia
diferente, eu não queria pertencer aquele lugar. Muitas pessoas passam fome e eu
perdendo meu tempo com caixas? Dei meia volta e... e... a vi. A caixa mais incrível
que já tinha visto. Ela era linda. Não consegui ignorá-la fui até ela e sem
pensar direito, deixei o papel mágico no lugar onde ela estava. Contudo, não
conseguia retirá-la, pois a quantia de papel mágico para retirá-la tinha dobrado. Então, um
moço do nada apareceu e disse que se eu quisesse podia me cadastrar e pagar só
a metade agora e a outra metade depois. Mais uma vez sem pensar aceitei o
acordo o retirei a caixa.
Saí pela porta mágica, todos sorriam para
mim, me senti o máximo. Andei pelas ruas como se fosse bem mais leve do que eu
sou. As pessoas me cumprimentavam com um sorriso quase verdadeiro. Sentia-me no
céu. Quanta felicidade aquela caixa me proporcionava.
Meu mundo desabou quando cheguei em casa e
liguei a TV. As caixas já não eram o centro dos comerciais. Agora, eles gritavam
para que eu comprasse cones. Eu olhei para minha caixa sorri para ela, sabia
que estava bem com ela, mas... COMPRE CONES! COMPRE CONES! COMPRE CONES! COMPRE
CONES! COMPRE CONES! COMPRE CONES! COMPRE CONES! COMPRE CONES!... Sorri de novo
para minha caixa... COMPRE CONES! COMPRE CONES! COMPRE CONES! COMPRE CONES!
COMPRE CONES! COMPRE CONES!... Olhei de
novo para a caixa, forcei um sorriso, mas... COMPRE CONES! COMPRE CONES! COMPRE
CONES! COMPRE CONES! COMPRE CONES!... Virei o rosto e ao olhar pela janela vi
que meu vizinho estava feliz demais porque tinha três cones... COMPRE CONES!
COMPRE CONES! COMPRE CONES! COMPRE CONES! COMPRE CONES! COMPRE CONES! COMPRE CONES! COMPRE CONES! COMPRE CONES! COMPRE CONES! COMPRE CONES! COMPRE CONES! COMPRE CONES! COMPRE CONES! COMPRE CONES!... Olhei
novamente para minha caixa e reparei que ela era mais inútil que o empréstimo
que tinha feito por ela... ADQUIRA JÁ SEU CONE E SEJA FELIZ!
A moda agora é curtir comentários da Jana!
ResponderExcluirCurta; seja feliz e deixe-a também :p
Gostei do texto!
Ha ha quanta gentileza :D
ExcluirObrigada Dona Débora, volte sempre!