Medo, a palavra assustadora

Começou o horário de verão, isso significa que está se aproximando a época em que o cérebro automaticamente se acostuma com todo o ritual comercial que rodeia o Natal. Se prepare para o golpe do século as mesmices de sempre. Daqui a pouco, começa a circular aquela música que diz: “todos os sonhos serão verdade”. Serão mesmo? Às vezes parece que os sonhos nunca deixarão de ser meros sonhos. A vida ou o medo não permite que eles se tornem verdade?
Às vezes, você acorda de manhã e percebe que a vida não é um sonho. A vida não é um filme. A vida é... Oras! Eu sei exatamente como é um sonho ou um filme, mas eu não sei dizer como a vida é. Talvez, ela seja o real, mas o que é real? O real seria o balde de água fria que congela nossos sonhos ou o medo é o balde?
Por aí se canta que "o medo cega os nossos sonhos", isso é tão real que amedronta. É compreensível que o medo afoga até os excelentes nadadores. Além disso, já dizia o poeta:

"Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiu mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo depois da morte,
depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas"
(Carlos Drummond de Andrade, Congresso Internacional do Medo

O que me resta é saber se um dia dominarei o que me domina. Engraçado, sempre ouvi e falei que o sonho do oprimido é ser o opressor. Contudo, minha relação com o medo não poderia ser diferente: espero, um dia, dominar o que me domina. Será que todas as minhas dúvidas acabarão? Será que eu sempre sonharei com isso? Continuo sonhando ou deixo a realidade congelar meu coração?


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