Na real, o que querem que eu faça?
Vivo em uma sociedade super consumista, na
qual consumir é muito mais valioso para o sistema do que eu mesma. No entanto, as
pessoas ainda querem que eu seja consciente.
Há momentos que desejam que eu reflita
sobre a vida e pense a longo prazo, mas tudo o que me oferecem é o imediatismo.
Querem que eu seja mais crítica e menos
alienada, mas tudo o que me oferecem são inverdades em forma de jornalismo.
Querem que eu ame meu país, mas que eu ame
como os norte-americanos amam sua pátria.
Querem que eu pense no próximo, mas me
oferecem um egoísmo quase inato.
Querem que eu seja verdadeira, mas dizem
por aí que a verdade dói.
Querem que eu me ame, mas gritam todo o dia
como devo ser.
Querem que o meu consumo seja consciente,
mas falam isso em 30 segundos, os outros 4 minutos e meio, aproveitam para
mostrar como consumir insanamente.
Querem que eu pense, mas me oferecem a
Globo.
Querem que eu siga meus sonhos, mas sem
fugir da realidade absoluta.
Querem que eu fuja da hipocrisia, mas a
hipocrisia está impregnada na fala deles.
Querem que eu não seja só mais uma na
multidão, mas o sistema engole um pedaço de mim todo o dia involuntariamente,
sem ao menos perguntar se eu permito.
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